Total de visualizações de página

sábado, 30 de março de 2013

Esporte contra o bullying

Estudante propõe aula de educação física voltada para a convivência social em escolas de ensino básico. Seu projeto conquistou o segundo lugar na categoria ‘Ensino Médio’ do 26º Prêmio Jovem Cientista

                               Esporte contra o bullying
Projeto premiado propõe incorporar diversos estilos esportivos às aulas de educação física e, em esportes coletivos, compor os times de forma a estimular a interação de diferentes grupos. (foto: Aristeu Chagas/ Agecom – CC BY 2.0)

Com os olhos em 2014 e 2016, o Brasil está voltado para o esporte. Tanto nos grandes eventos mundiais quanto nas quadras escolares, a prática esportiva pode ajudar a resolver problemas sociais. É isso o que sugere o trabalho de Izabel Souza de Jesus Barbosa, segundo colocado na categoria ‘Ensino Médio’ do 26º Prêmio Jovem Cientista, que teve como tema a inovação tecnológica nos esportes.
A proposta da estudante do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj) é adaptar as aulas de educação física para combater o bullying através do esporte. O método formulado por Izabel, com orientação da bióloga Débora de Aguiar Lage, sua professora na instituição, é simples: incorporar diversos estilos esportivos às aulas e, em esportes coletivos, compor os times de forma a estimular a interação de diferentes grupos.
Os esportes oferecidos nas aulas seriam escolhidos de modo a refletir a diversidade dos alunos, “iriam do futebol, para estimular o trabalho em equipe, até o xadrez, para inserir os jovens mais afeitos ao raciocínio lógico do que à atividade física”, afirma Débora.
A distribuição dos alunos em grupos nas práticas esportivas seria feita por um conselho de professores, de acordo com o esporte praticado e com base em um mapeamento das ‘tribos’ e das características relacionais de cada aluno. A proposta é formar grupos heterogêneos, que não se formariam naturalmente.

                                    Prêmio Jovem Cientista
                                         A jovem cientista Izabel Souza de Jesus Barbosa recebe, da presidente Dilma Rousseff, o prêmio de segundo lugar pelo projeto 'O esporte no combate ao bullying nas escolas'. (foto: Fundação Roberto Marinho)



A leitura de artigos sobre dislexia despertou o interesse de Izabel por métodos de inclusão de alunos especiais nas escolas e acabou influenciando sua proposta para o prêmio. “Como o projeto tinha que ser voltado ao esporte, ela propôs esse trabalho, aplicando suas ideias de inclusão às aulas de educação física”, explica a orientadora.

Todas as tribos

A pesquisa de Izabel teve duas etapas. Na primeira, 44 estudantes do ensino médio da Escola Técnica do Arsenal de Marinha (Etam), com média etária de 18 anos, responderam, de forma anônima, um questionário apontando os esportes de preferência dos estudantes, os ambientes escolares com mais casos de bullying e ações da diretoria escolar para combater essa prática. “A maioria disse que a escola não fazia nada”, revela Débora.
Também se perguntou o que os alunos consideravam como bullying e quais os principais motivos que levavam a ele. Nas respostas, a dupla percebeu que a maior parte dos alunos apontava a existência de diferentes grupos sociais e a intolerância entre eles como as maiores causas do bullying nas escolas. Assim, foi elaborado um segundo questionário, sobre a existência de tribos urbanas.
Este trazia uma lista com 23 nomes de tribos que iam desde as mais abrangentes, como ‘alternativos’, até as mais específicas, como ‘otakus’ (fãs de animações japonesas e mangás). “Esses nomes partiram de observações da aluna sobre o que normalmente se falava dentro das escolas; havia alguns nomes que eu nem sabia o que significavam”, confessa Débora.
Cerca de 60 estudantes do CAp-Uerj e mais duas escolas particulares do Rio de Janeiro, com idades entre 13 e 18 anos, responderam ao novo questionário, indicando em que tribo ou tribos se encaixavam.
A partir dos resultados, Izabel verificou que os ambientes da sala de aula, pátio e corredores tiveram a maior incidência de bullying, e que o futebol e o voleibol foram os esportes mais populares entre os alunos ouvidos. Ela percebeu também que, mesmo em escolas onde a diretoria não se envolvia em ações antibullying, as aulas de educação física abriam espaço para a interação dos diferentes grupos.
Além de incluir esportes de menor popularidade nos testes (como badminton e críquete), a estudante criou um sistema de avaliação em que dois terços da nota atribuída ao aluno deveriam ser referentes à sua capacidade de desenvolver atividades em equipe.
Em seu projeto, ela também ressalta a importância da interação entre a coordenação das escolas e as famílias, tanto daqueles que sofrem quanto dos que praticam o bullying.
Após publicarem os resultados da pesquisa em periódico acadêmico, Izabel e Débora pretendem promover a divulgação do projeto para que o método proposto comece a ser adotado nas escolas.

Camille DornellesCiência Hoje On-line

quarta-feira, 20 de março de 2013





As diversas formas de maus-tratos a que são submetidas crianças e adolescentes nas escolas, não é fato novo, nem desconhecido dos adultos. O cotidiano de muitos escolares tem sido marcado por um fenômeno, que se caracteriza pelo desrespeito, intolerância, indiferença, exclusão, perseguição aos considerados “diferentes”, resultando em prejuízos na aprendizagem e trazendo conseqüências para a saúde física e mental dos envolvidos.

Apesar de ser um fato antigo, poucos esforços foram despendidos, de forma sistemática, para estudar esse fenômeno. Somente no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, houve interesse da sociedade sueca em estudar esse tipo de comportamento, que se estendeu a outros países escandinavos.

Na Noruega, durante vários anos, esse tema ganhou notoriedade nos meios de comunicação e nas discussões entre pais e professores, mas sem contar com o apoio das autoridades educacionais. Em 1.983, no norte do país um fato mudou essa realidade: três crianças, com idades entre 10 e 14 anos, se suicidaram e com toda probabilidade, em decorrência da vitimização Bullying. Essa tragédia gerou grande reação da sociedade, resultando numa campanha nacional contra os maus-tratos escolares.

O psicólogo Dan Olweus, professor da Universidade de Bergen, desenvolveu uma pesquisa nacional, diagnosticando o fenômeno Bullying e estabelecendo critérios para diferenciá-lo das “brincadeiras próprias da idade”.

No final dos anos oitenta e início dos anos noventa, o fenômeno atraiu a atenção pública e mobilizou estudos em outros países, como Japão, Inglaterra, Países Baixos, Espanha, Portugal, Canadá, Estados Unidos e Austrália.

No Brasil, como reflexo dos estudos europeus, no ano de 2.000, na região de São José do Rio Preto, a educadora Cléo Fante, inicia um trabalho de conscientização de pais e professores sobre essa fenomenologia, despertando a atenção dos meios de comunicação. De forma pioneira, desenvolveu uma pesquisa com dois mil alunos, encontrando 49% de envolvimento. Desses, 22% atuavam como vítimas, 15% como agressores e 12% como vítimas-agressoras.

Assim como na Noruega, a atenção dos brasileiros foi despertada para essa realidade, em decorrência das tragédias ocorridas em Taiuva e Remanso, bem como do trabalho de conscientização realizado pela educadora, nas mais diversas regiões do país, ecoando nos meios de comunicação e ganhando notoriedade nos dias atuais.

Movida pela necessidade de combater a proliferação desse fenômeno, a professora Cléo Fante desenvolveu um programa antibullying eficaz, denominado “Educar para a Paz”. Atualmente esse programa tem sido aplicado com grande êxito, em diversas escolas brasileiras, beneficiando o processo sócioeducacional e a relação ensino e aprendizagem.

Há dez anos dedica-se ao tema Bullying, através de estudos e pesquisas, ministrando palestras, capacitações e orientações, empreendendo esforços para conscientizar de que é possível prevenir o fenômeno em nossas escolas e mudar esta realidade. Defensora dos direitos da criança e do adolescente à educação de qualidade e em segurança trabalha incessantemente divulgando a cultura de paz.

NEM TUDO É BULLYING


Cleo Fante
Especialista em Bullying


Nunca se falou tanto em bullying como nos últimos tempos. Apesar de ser uma forma de violênciaantiga quanto à própria escola, o tema vem sendo discutido à exaustão. Sem dúvida, o problema é extremamente preocupante e deve ser debatido nas diversas esferas e à luz das diversas ciências. No entanto, milhares de crianças e adolescentes continuam a seenvolver no fenômeno, que parece não ter solução.
Talvez, o grande entrave em nosso país seja a escassez de pesquisas e de estudos científicos - capazes de gerar conhecimento sobre o assunto -, o que tem comprometido o entendimento e o desenvolvimento de ações efetivas para o enfrentamento e erradicação do problema.
Bullying não é isso que muitos estão a divulgar. Não se trata de brincadeiras inconvenientes, conflitos ou ofensas pontuais, que resultam em mágoa ou raiva passageira. Trata-se de violência gratuita, persistente e cruel.
Levantamento de dados que realizamos, com 1.028 matérias divulgadas na Internet - alerta Google -, em 2011, contendo relatos de casos de bullying, revelou um dado extremamente preocupante: 60% dos casos apresentam equívocos na interpretação, devendo ser descartados de situações de bullying.
Mais preocupante, ainda, é a questão do material didático - livros, cartilhas, manuais, vídeos, jogos -, que vem sendo distribuído no mercado. A maioria deles, sem qualquer embasamento científico e repleto de informações e exemplificações equivocadas, trata o tema de forma superficial e apresenta estratégias simplistas, como se erradicar o bullying fosse tarefa fácil. Até o personagem bíblico, Noé - sim, aquele que construiu a arca -, o cientista Albert Einstein, o jogador Ronaldo Nazário, a universitária Geisy Arruda, o político Roberto Requião, a cantora Adele, Luan Santanaq e muitos outros, são citados como vítimas de bullying.
O desconhecimento, a precipitação na análise e divulgação de casos tem colaborado para a generalização e banalização do problema.
O termo bullying deve ser empregado para tipificar comportamentos agressivos ou violentos entre pares. Ocorre quando um estudante ou vários deles- fazendo uso de sua força física ou poder - elege outro(s) como alvo de chacotas, humilhações, ameaças, perseguições, espancamentos, calúnias, dentre outras formas de abusos. O alvo é exposto à opressão de forma gratuita, repetitiva e intencional, resultando em prejuízos, muitas vezes irreversíveis. É mais comum a identificação do bullying no ambiente escolar, embora também ocorra em outros espaços fora da escola, onde os estudantes frequentam. Ambientes virtuais, escolas de idiomas, de futebol, academias, shoppings, clubes recreativos, condomínios residenciais, dentre outros. Entretanto, sua maior incidência, atualmente, é no espaço virtual - cyberbullying -, devido à falsa sensação de anonimato e impunidade, por parte do autor, bem como de muitas vítimas que acabam por reproduzir o que sofrem.
Por causa do bullying, estudantes deixam de frequentar as aulas, mudam de escolas ou desistem de estudar. Devido ao medo ou vergonha da exposição, se retraem ou se isolam dos demais, comprometendo a saúde mental e o processo sócioeducacional.
Apesar da gravidade e urgência na busca de soluções, capazes de conter e prevenir o bullying, é preciso lembrar que existem outras formas de violências - tão graves quanto o bullying -, que não devem ser relegadas ou negligenciadas nas escolas, se queremos construir uma educação para a cultura de paz.

terça-feira, 5 de março de 2013

GAROTA DE 15 ANOS SE SUICIDA POR SOFRER BULLYING APÓS TER SE MOSTRADO NA WEBCAM




Amanda Todd foi encontrada morta em sua casa um mês depois de postar um vídeo no Youtube em que contava sua história e pedia ajuda.







A garota de 15 anos postou um vídeo no Youtube em que descrevia anos de
 bullying  e ciberbullying que a levaram a consumir álcool e drogas. No vídeo de nove minutos, ela conta sua história com uma série de notas escritas à mão. A ex-líder de torcida disse ter sido convencida por um estranho a mostrar seus seios em um bate-papo online no Facebook. Amanda conta no vídeo que cometeu esse grande erro quando tinha 12 anos e estava na sétima série. “Eu gostava de conhecer novas pessoas nos chats. Certa vez, um estranho me pediu para ligar a webcam e mostrar meus seios”, relata a jovem.


Um ano depois do acontecido, um homem anônimo entrou em contato com ela pelo Facebook com ameaças de publicar a foto caso ela não concordasse em se exibir novamente.
Como Amanda não se rendeu, ele executou a ameaça: divulgou a imagem para todos os seus amigos. Não satisfeito, algum tempo depois criou uma conta no Facebook, onde a foto do perfil era a foto de seus seios. “Chorei várias noites seguidas, perdi meus amigos e o respeito de todos”. Foi nessa época que ela começou a se cortar.

Todd relata ainda que tentou se envenenar bebendo água sanitária e pela ingestão remédios, pois sua tortura continuou no Facebook. Procurou várias formas de apoio, mas nunca conseguiu esquecer e nem superar a vergonha. E assim o corte dos pulsos se lhe apresentou como a solução mais rápida para dar fim à sua vida.

O caso gerou uma forte comoção entre os internautas de todo o mundo, que descarregaram na Internet palavras de condolências. Tanto no Twitter ou em inúmeras páginas criadas no Facebook as pessoa não param de lhe render tributo. No Youtube, uma enxurrada de vídeos responde ao que Amanda publicou.








O grupo ciberativista Anonymous confirma ter rastreado o homem que 

praticou ciberbullying contra Amanda Todd. Segundo o coletivo, o criminoso é um sujeito de 30 anos, que mora em New Westminster, na província canadense de British Columbia. Mas segundo a polícia canadense, o suspeito alega que era amigo de Amanda e indicou um morador de Nova York como o responsável pelo crime.

“Geralmente não gostamos de lidar com a polícia, mas fomos obrigados a colocar nossas habilidades em prática para proteger as crianças. Ironicamente, temos algumas boas pessoas em Vancouver, que chamaram a atenção de nosso admin para o caso. É uma história muito triste que afeta a todos nós”, diz uma mensagem enviada pelo grupo à uma emissora de TV canadense.

Confira o vídeo onde a adolescente desabafa um mês antes de cometer suicídio: